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RESUMO:
Este
ensaio tem o objetivo de analisar o poema
“À sombra da morte” de Raimundo Correa, examinando mais especificamente o
tema como objeto (A morte) o pessimismo, qualidade marcante no autor e que o
difere dos demais autores parnasianos da época. Explanação sobre o
parnasianismo, suas características gerais e o parnasianismo no Brasil.
INTRODUÇÃO:
A temática de Raimundo Correa, como todo
poeta parnasiano, se concentrava na exaltação das formas estruturais, na
composição do poema, na contemplação da natureza, na perfeição dos objetos, na
métrica rígida, enfocava também um forte pessimismo marcado pela desilusão dos
sonhos que podem não ser realizados, o pessimismo chega a ser sombrio.
DESENVOLVIMENTO:
1- VIDA DO AUTOR
1- VIDA DO AUTOR
Raimundo Correia (R. da Mota de Azevedo
C.), magistrado, professor, diplomata e poeta, nasceu em 13 de maio de 1859, a
bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na baía de Mogúncia, MA, e faleceu
em Paris, França, em 13 de setembro de 1911.
Foram seus pais o Desembargador José Mota
de Azevedo Correia, descendente dos duques de Caminha, e Maria Clara Vieira da
Silva. Vindo a família para a Corte, o pequeno Raimundo foi matriculado no
Internato do Colégio Nacional, hoje Pedro II, onde concluiu os estudos
preparatórios em 1876. No ano seguinte, matriculou-se na Faculdade de Direito
de São Paulo. Ali encontrou um grupo de rapazes entre os quais estavam Raul
Pompéia, Teófilo Dias, Eduardo Prado, Afonso Celso, Augusto de Lima, Valentim
Magalhães, Fontoura Xavier e Silva Jardim, todos destinados a ser grandes
figuras das letras, do jornalismo e da política.
Em São Paulo, no tempo de estudante,
colaborou em jornais e revistas. Estreou na literatura em 1879, com o volume de
poesias Primeiros sonhos. Em 1883, publicou as Sinfonias, onde se encontra um
dos mais conhecidos sonetos da língua portuguesa, “As pombas”. Este poema valeu
a Raimundo Correia o epíteto de “o Poeta das pombas”, que ele, em vida, tanto
detestou. Recém-formado, veio para o Rio de Janeiro, sendo logo nomeado promotor
de justiça de São João da Barra e, em fins de 1884, era juiz municipal e de
órfãos e ausentes em Vassouras. Em Vassouras, começou a publicar
poesias e páginas de prosa no jornal O Vassourense, do poeta, humanista e
músico Lucindo Filho, no qual colaboravam nomes ilustres: Olavo Bilac, Coelho
Neto, Alberto de Oliveira, Lúcio de Mendonça, Valentim Magalhães, Luís Murat, e
outros.
No primeiro número da Revista que ali
se publicava, apareceu seu trabalho “As antiguidades romanas”. Em 97, no
governo de Prudente de Morais, foi nomeado segundo secretário da Legação do
Brasil em Portugal. Ali edita suas Poesias, em quatro edições sucessivas e
aumentadas, com prefácio do escritor português D. João da Câmara. Por decreto
do governo, suprimiu-se o cargo de segundo-secretário, e o poeta voltou a ser
juiz de direito. Em 1899, residindo em Niterói, era diretor e professor no
Ginásio Fluminense de Petrópolis.
Em 1900, voltou para o Rio de Janeiro, como
juiz de vara cível, cargo em que permaneceu até 1911. Por motivos de saúde,
partiu para Paris em busca de tratamento. Ali veio a falecer. Seus restos
mortais ficaram em Paris até 1920. Naquele ano, juntamente com os do poeta
Guimarães Passos também falecido na capital francesa, para onde fora à procura
de saúde foram transladados para o Brasil, por iniciativa da Academia
Brasileira de Letras, e depositados, em 28 de dezembro de 1920, no cemitério de
São Francisco Xavier.
Raimundo Correia ocupa um dos mais altos
postos na poesia brasileira. Seu livro de estréia, Primeiros sonhos (1879)
insere-se ainda no Romantismo. Já em Sinfonias (1883) nota-se o feitio novo que
seria definitivo em sua obra o Parnasianismo. Segundo os cânones dessa escola,
que estabelecem uma estética de rigor formal, ele foi um dos mais perfeitos
poetas da língua portuguesa, formando com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac a
famosa trindade parnasiana. Além de poesia, deixou obras de crítica, ensaio e
crônicas
À SOMBRA DA MORTE
À SOMBRA DA MORTE
Nas
vascas da agonia um moço chora:
“ —
Com que sarcasmo, ó natureza, estendes
Profusa luz, em torno a mim, agora!
Amor, porque me enleias em teus braços?
Porque, se a vida é curta, a ela me
prendes
Esta alma, ainda, com tão fortes laços?!”
Cheio
de anos e cãs, findo o combate
Da vida quase finda,
Também um velho em ânsias se debate
— Ó céus! — depreca num soluço rouco —
Lutei assaz; deixai-me, vivo ainda,
Antes da morte, repousar um pouco!”
Um
a luta começa,
Outro remata a luta... Certamente,
Tanto a velhice trêmula, como essa
Fogosa juventude árdua e insofrida,
O que deplora e sente,
Não é morrer, porém... deixar a Vida.
E
a Morte, ao pé do leito, assim lhes falia...
(Sua voz sepulcral, ninguém a escuta;
Podem só moribundos escutá-la.)
Falia a cada um: — “Não temas tu, em meio
A luta, ou pós a luta,
A enorme paz do meu enorme seio!
“Paixão,
Remorso, ou Sonho, ou Pesadelo,
Não sou. Não sou o espectro, que, ominoso,
Toca o insone Macbet com mãos de gelo;
Não sou o espectro lôbrego e sangrento,
Que, h noite, assombra o olhar do
criminoso,
E vela à cabeceira do avarento!
“Nem a visão, que, entre jasmins e rosas,
Em níveo toro, ambígua, aérea e vaga,
Inflama as almas noivas e amorosas-;
E, entre os mil beijos da Volúpia, gera
Um martírio — no odor, que as embriaga,
Um tormento — no espinho, que as lacera!
“O
coração, que espera o bem, e cansa
De esperá-lo, meu hálito adormece-o,
E, com ele, su’última esperança;
Quer a luta comeces, quer a acabes,
Ancião, ou jovem, Sócrates, ou néscio,
Tu, que és amante, ou tu, que amar não
sabes,
“Mortal,
enfim; no encalço da ventura,
O basilisco fabuloso, a arcana
Pedra filosofal busca, procura!
Mas
não tentes achar, da mesma sorte,
O homem, que, avesso à minha lei tirana,
Conseguiu repousar antes da morte!”
ESTRUTURA
EXTERNA
Com relação à estrofe, à métrica e as
rimas, de acordo com a poesia, oito estrofes de seis versos cada, (sextilhas),
decassílabas e misturadas. O autor segue
rigorosamente às formas do parnasianismo. Uma linguagem rebuscada. A poesia já
é bela por si própria, aqui é valorizado apenas a estética “ A arte pela arte”.
ESTRUTURA
INTERNA
Uma das características que difere
Raimundo Correa dos demais autores é o pessimismo exagerado em suas poesias. Um
exemplo disso está na estrofe 1: “porque,
se a vida é curta, a ela me prendes esta alma ainda, com tão fortes laços? Já que
a morte o levará não precisa mostrar “Profusa luz” deveria mostrar logo a
escuridão. A poesia mostra a presença
marcante da morte, pode ser velho ou jovem, ter lutado muito ou estar em luta
(estrofe 2); A morte vai chegar tanto para quem chegou na velhice, como para
que é jovem também, ela não tem hora marcada para sua chegada (estrofe 3);
estrofes 4,5,6 e 7 a morte marca sua presença, que não é fúnebre, escura, que
assusta é apenas a morte e que ninguém escapa dela “Ancião, ou jovem, Sócrates,
ou néscio, Tu, que és amante, ou tu, que amar não sabes”. A beleza da poesia
Parnasiana é essa, não remete à passado, não conta histórias e nem vive um
realismo de crítica social e sim trata aqui a morte como um objeto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Poesia é arte,
deve haver em todos os estilos e épocas: linguagens poéticas, rebuscadas ou
populares, sentimentais, objetivas, realistas,
falem de nacionalismo, natureza, falem do povo ou da pátria ou de seus mais
íntimos sentimentos, falem de ideais ou
tenha apenas estética, formas a serem apreciadas todas enlevam e nos trazem ao
deleite.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONTEIRO, Clóvis
- Esboços de história literária, Pg. 255 - Livraria Acadêmica - Rio de
Janeiro 1961.
MENDES, Iba - Poeteiro, Pg 33-34 - Poeteiro editor digital, São Paulo, 2014
(PDF - Academia Brasileira de Letras - www.academia.org.br -
SITE: projetolivre.com/aleluias)
(PDF - Academia Brasileira de Letras - www.academia.org.br -
SITE: projetolivre.com/aleluias)
CORREA, Raimundo - Aleluias , Pg 32- poema À Sombra da Morte -1891.