TRABALHO DA DISCIPLINA ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA MINISTRADA PELA PROFESSORA JOANA ORMUNDO COM O OBJETIVO DE ANALISAR A CAPA DA REVISTA VEJA EDIÇÃO 2423 BASEADO NAS CATEGORIAS ANALÍTICAS DA GRAMÁTICA VISUAL, PARA OBTENÇÃO DA NOTA DO 5º SEMESTE
Categorias analíticas para gramática do design visual
Sobre
o caráter multimodal dos textos, Chouliaraki e Fariclough (1999, p. 16)
estabelecem que “até mesmo os textos ‘escritos’ são crescentemente
multissemióticos”. Os autores colocam em questão se o termo texto continua
adequado frente à sua propriedade multimodal e concluem que seguem usando-o por
não terem alternativa melhor. Essa abordagem amplia a noção de texto por
considerar outros sistemas semióticos na constituição de sentido que vai além
da escrita. Fairclough(2006), ao tratar dos três níveis de abstração para a
análise social, inseriu o momento semiótico tanto na análise social como na
análise textual. Acrescenta ainda que as escolhas entre os diversos modos
semióticos que participam da configuração textual não são arbitrárias, mas são
constituídas pelos diversos contextos sociais em que se inserem.
As categorias analíticas para investigar o elemento semiótico na análise
social, segundo os estudos de Kress e van Leeuwen (1996) sobre a gramática
do design visual, ou
seja, a sintaxe visual. Para os autores, a forma de apresentação das imagens
nos textos está diretamente vinculada aos significados representacionais e
interativos, podendo produzir determinados sentidos. Para a compreensão desses
sentidos, os autores elaboraram três sistemas que orientam o processo de
leitura das imagens, que são elencados a seguir.
Valor
da informação
Refere-se
à localização dos elementos participantes (direita/esquerda, alto/baixo,
centro/margem) baseada nos elementos dado/novo a serem analisados no eixo
horizontal. Em relação ao elemento à direita temos o novo, ou seja, aquilo que
é acrescido, e em relação ao elemento colocado à esquerda, temos o dado, que é
aquilo que já é conhecido. Os elementos ideal/real são analisados no eixo
vertical em relação à posição do elemento no texto, no sentido de que, se
estiver no alto, representa o ideal e, se estiver mais abaixo, representa o
real. Além de representar a relação ideal/real, o eixo da verticalidade pode
expressar as relações de poder, estando o elemento representativo dessas
relações localizado mais ao alto e o menos representativo mais abaixo.
Diz
respeito a como os elementos participantes são produzidos para atrair a atenção
dos outros em diferentes graus (lugar que ocupa, tamanho relativo, contrastes
em valor tonalidade da (cor), diferenças de formas, entre outros fatores.
Quanto aos elementos composicionais, por exemplo, temos o tamanho e a
localização reservados para uma foto no espaço de um determinado texto.
Framing (enquadramento)
Refere-se
à presença ou à ausência de divisão de molduras, e evidencia-se por elementos
que criam linhas divisórias, desconectam ou conectam elementos da imagem,
baseado na maneira como os elementos são conectados nas imagens.
Quanto
à modalidade visual
A
modalidade visual está relacionada à forma como os elementos do texto são
distribuídos na prática social. Se o elemento textual aparece na parte de cima,
mostra o que poderá ser alcançado – o ideal –, logo tem-se modalidade baixa.
Por outro lado, se colocado
na parte de baixo, mostra o que é ou está ao seu alcance – o real – (logo
apresenta alta modalidade). Isso é expresso por diferenças sutis no modo em que
certos significados da expressão visual são usados. No texto, a distância e a
proximidade é uma categoria de modalidade visual, também ocorre no grau em que
certos significados da expressão visual são usados no texto, tais como a cor
e a acuidade. Quando há uma imagem que não é real, ela é
mostrada de uma distância mais longe, e, quando é real, é mostrada mais perto.
De
acordo com Kress e van Leeuwenn (1996), os seguintes significados da expressão
visual estão envolvidos no julgamento da modalidade visual:
· Graus
de articulação do detalhe: formam uma escala que parte da mais simples
linha de desenho e chega à mais acurada e nítida fotografia;
· Graus
de articulação do pano de fundo: escala de zero articulação, quando alguma
coisa é mostrada contra um pano de fundo branco ou preto, ou levemente esboçado
ou fora de foco para um máximo de nitidez e detalhamento do pano de fundo;
· Graus
de saturação de cor: escala da ausência de saturação – preto e branco – ao uso
da saturação máxima de cores, entre cores que são misturadas com cinza de várias
gradações;
· Graus
de modulação de cor: parte do uso da cor sem modulações, em um mesmo plano, até
a representação de finas nuances da modulação de uma cor dada. Por exemplo, a
cor da pele ou a cor da grama;
· Graus
de diferenciação de cor: escala que parte do monocromático até o uso de uma
paleta para misturar cores;
· Graus
de articulação da profundidade: escala da ausência de qualquer representação de
profundidade à máxima perspectiva de profundidade;
· Graus
de articulação de luz e sombra: escala de zero até a articulação do número
máximo de graus de profundidade de sombras; e
· Graus
de articulação de tom: escala que vai desde apenas dois tons da gradação de cor
(preto e branco), ou a versão clara e escura de outra cor, até a máxima
gradação tonal.
Aplicando
as categorias analíticas analisaremos agora a capa da revista Veja.
As capas
da Revista Veja são compostas por signos
verbais e não verbais com o propósito de
transmitir uma mensagem, desta forma eles se completam e se unem para
dar significado, esta unidade da linguagem verbal e não verbal atrai o leitor e o estimula a examinar o
conteúdo. Mas o interessante é que todos esses enigmas citados anteriormente
podem ser decifrados por causa dos estudos intersemióticos, pelo fato desses
analisarem a linguagem de forma completa, levando em consideração tanto a
linguagem visual quanto a linguagem
escrita.
Câmera de
enquadramento close up, imagem centralizada como imagem e foco. A imagem dá a
idéia do Lula em um buraco, se afundando, na categoria da saliência: ele aparece pequenininho em relação
ao tamanho da capa, bem no centro, como o alvo do (tiro ao alvo), é a peça central de todo o problema, O Circulo vermelho (aspiral) nos remete a um
ciclone que arrasta tudo, e no caso o ciclone é o
empreiteiro Léo Pinheiro da OAS que arrasta o Lula pro fundo, a cor vermelha
além de representar a cor do partido pode representar também um inferno, o
inferno que está o Léo Pinheiro na prisão, também nos remete ao comunismo,
também cria um mal estar, angústia. Nenhum dos personagens se comunica com o leitor, os personagens olha cada um para um lado, como se disfarçassem, o veículo que leva a interação, a notícia, é a revista Veja. A informação
dada é a operação lava jato, o empreiteiro quando prestou um favor para Lula
reformando seu sítio em Atibaia e o Rema, o fato novo é que pela delação
premiada ele arrasta Lula para o centro do escândalo.
A
distância social é o enquadramento da imagem no caso mostra a cabeça e os ombros
do participante (Lula) está em plano
baixo. As letras
garrafais em branco se destacam por ser "a chamada" e as demais um branco mais claro
são os detalhes da reportagem.
Considerações finais
Este
trabalho mostrou que para uma análise de imagem tem toda uma configuração, que
existe uma gramática visual assim como as gramáticas de outras disciplinas, que
para uma produção de imagem é preciso pesquisar antes a demanda do mercado e
produzi-la de acordo com as necessidades.
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